“O que há mais na Terra é paisagem”
Saramago
A “Viagem” foi o tema da primeira Bienal de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa associada aos 500 anos da Viagem de Circum-navegação, por Fernão Magalhães. Seguiu-se “A Casa” – lugar a que se regressa depois de uma viagem – que, em tempo de pandemia, o seu significado de acolhimento e proteção foi mais sentido e vivido. O tema deste ano da Bienal é “A Paisagem” que é muito mais do que o cenário onde decorre a vida humana.
Para além da dimensão estética inerente às propostas expositivas, interessou à curadoria da Bienal que as obras apresentadas produzissem uma reflexão crítica sobre o papel do humano – coletivo e individual – no desenho da paisagem e na forma como quotidianamente a habitamos. Assim, convidámos alguns dos mais importantes autores portugueses que fotografam e refletem sobre a paisagem a participar. Oscilaremos entre o maravilhamento e a inquietação que serão a base de uma reflexão crítica sobre a nossa relação com o mundo. Talvez compreendamos melhor Agnès Varda quando diz “Se abríssemos as pessoas, encontraríamos paisagens”, como se o nosso corpo integrasse o mundo que nos acolhe.
As 11 exposições – que se distribuem por vários polos da região – abordam sobretudo o território português com ênfase em Lamego e no Vale do Varosa. Além das exposições, uma residência artística, uma conferência, conversas com os autores, um concurso de fotografia sobre o território e outros eventos do programa contribuirão pensar a paisagem e qual o lugar do humano…
Curadoria: Manuela Matos Monteiro e João Lafuente
Autores: Duarte Belo | José Zagallo Ilharco | Luís Quinta | Manuel Valente Alves | Manuela Matos Monteiro e João Lafuente | Álvaro Domingues | Adelino Marques | Augusto Lemos e Conceição Magalhães | Alexandre Delmar | coletiva internacional
Bienal de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa | Prémio APOM (Associação Portuguesa de Museologia), na categoria de Inovação e Criatividade pela Associação Portuguesa de Museologia, em 2021.
| as exposições |
Linha de Tempo. Meadas, Lamego, Varosa
Duarte Belo – Museu de Lamego
A invenção das nuvens
Manuel Valente Alves – Museu de Lamego
Prados azuis
Luís Quinta – Museu de Lamego
Paisagens tecnológicas
Álvaro Domingues – Casa da Torre
Da evanescência das marés à intemporalidade dos lugares
Adelino Marques – Castelo de Lamego
O signo e a paisagem
Augusto Lemos e Concieção Magalhães – Castelo de Lamego
Paisagem | Território | Trabalho
Residência artística de Alexandre Delmar – Torre da Ucanha
Paisagens do Mundo
Exposição Coletiva – Mosteiro de Salzedas
07 de agosto a 21 de outubro
Paisagens
José Zagallo Ilharco – Museu de Lamego, em parceria com o Museu Nacional Soares dos Reis
26 de outubro a 29 de dezembro
Douro: o tempo e a terra
Manuela Matos Monteiro e João Lafuente – Museu de Lamego
Conhecer Lamego e o Vale do Varosa pela fotografia
Exposição coletiva – Museu de Lamego
| os autores |
DUARTE BELO
(Lisboa, 1968). Formação em arquitetura. O trabalho de mapeamento fotográfico do espaço português deu origem a um arquivo fotográfico de mais de 2.100.000 imagens. Da obra publicada destacam-se: Portugal — O Sabor da Terra (1997-1998), Portugal Património (2007-2008), Portugal Luz e Sombra (2012) e a trilogia composta por Caminhar Oblíquo, Depois da Estrada e Viagem Maior (2020). Tem trabalhado sobre nomes relevantes da cultura portuguesa, como Mário de Cesariny, Ruy Belo, Maria Gabriela Llansol ou Miguel Torga. É editor do blog Cidade Infinita. Expõe desde 1987 e participa regularmente em atividades pedagógicas, conferências e mesas redondas.
https://www.duartebelo.com/ https://www.instagram.com/duartebelo.pt/ https://www.facebook.com/duartebelo.1
JOSÉ ZAGALO ILHARCO
José Zagalo Ilharco nasceu em 1860 na freguesia da Sé, na cidade de Lamego, e faleceu em 1910, no Porto, repentinamente, aos 50 anos de idade. Foi um fotógrafo amador, premiado a nível nacional e internacional. Dedicou-se especialmente à fotografia de paisagem, com enfoque em Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto, Lamego, Guarda e Penafiel. A sua obra fotográfica, composta por mais de 260 imagens, integra ainda uma série de retratos dos seus familiares e amigos, bem como das casas onde residiu.
Quando jovem adulto fixou residência na cidade do Porto, onde se tornou um bem-sucedido homem de negócios, entre outros, nos setores dos Seguros e do Comércio, tendo-se dedicado ainda, nos seus tempos livres, a diversas atividades culturais e recreativas, com destaque para a fotografia amadora e a floricultura, interesses que partilhava com o seu amigo Aurélio Paz dos Reis, pioneiro cineasta português. Em 1947, o seu filho Norberto, em testemunho de apreço pela obra do pai, compilou, em dois álbuns, as reproduções das suas melhores fotografias.
(Uma parceria com o MNSR) https://museusoaresdosreis.gov.pt/agenda/exposicao-paisagem-jose-zagalo-ilharco/
LUIS QUINTA
Luís Quinta é fotógrafo e realizador de história natural e colabora com a National Geographic Magazine e a revista Visão. Publicou mais de um milhar de artigos e reportagens na imprensa nacional e internacional. Integrou o maior projeto fotográfico sobre natureza na Europa – “Wild Wonders of Europe” e recebeu vários prémios nacionais e internacionais. É formador de fotografia e cinegrafia de natureza em ambiente terrestre e subaquático e autor de vários livros. Já proferiu várias conferências e o seu trabalho tem sido usado por universidades e museus. Realizou inúmeras exposições de fotografia individuais e colaborou em muitas outras, em Portugal e pelo Mundo. Os seus documentários de história natural têm sido exibidos pela televisão como National Geographic Channel, Discovery Channel, ARTE TV France, SIC, RTP, entre outras.
https://www.naturcoa.pt/luis-quinta https://www.nationalgeographic.pt/fotografos/luis-quinta_68 https://www.instagram.com/luisquinta65/ https://www.facebook.com/LuisQuintaPhotography
MANUEL VALENTE ALVES
(Abrantes, Portugal) É formado em Medicina e como artista visual tem desenvolvido trabalho em torno do conceito de paisagem, problematizando as suas relações com o corpo, a memória e a política. Realizou cerca de três dezenas de exposições individuais e participou em mais quarenta exposições coletivas em várias instituições culturais, dentro e fora de Portugal. O interesse pelo pensamento e prática interdisciplinares tem-no levado a desenvolver trabalho de investigação e de curadoria nas áreas da história, da filosofia e da museologia, ligando arte, ciência, medicina e cultura visual, sendo autor, editor, e co-editor de livros, organizado conferências e sendo comissário de várias exposições cruzando arte e ciência.
https://www.manuelvalentealves.org/ https://www.instagram.com/manuelvalentealves/ https://www.facebook.com/manuel.valentealves
MANUELA MATOS MONTEIRO
Manuela Matos Monteiro é licenciada em Filosofia, foi professora do E. S. e exerceu funções de consultora do ME. É formadora de formadores, coautora de vários livros nas áreas de psicologia, psicossociologia e pedagogia. Coordenou o NETPROF – Clube dos Professores Portugueses na Internet e dirigiu a revista 2:PONTOS. Como fotógrafa, participou em exposições coletivas e individuais. Tem vários prémios em concursos e já expôs em Portugal, Moçambique, França, no Parlamento Europeu, em Florença, Berlim, Miami, Kansas City entre outras. Assume a curadoria de várias exposições e participa como júri em concursos de fotografia nacionais e internacionais. Dirige desde 2013, com João Lafuente, as galerias Espaço MIRA e MIRA FORUM e desde abril de 2017 a galeria MIRA | artes performativas. É curadora e organizadora com João Lafuente da Bienal de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa (3 edições).
https://www.facebook.com/manuelamatosmonteiro https://www.instagram.com/manuela_matos_monteiro
JOÃO LAFUENTE
João Lafuente é licenciado em Matemática Aplicada e foi técnico de informática na CGD. Dedica-se à fotografia desde a adolescência tendo participado em exposições coletivas e em coautoria com M. M. Monteiro. De entre as exposições produzidas destaca-se: “Carnaval em Veneza”, “As Vindimas”, “A luz do Cristalino, Istambul – Roteiro da melancolia”, 2A Sul de Dakar”, “Tropicana”, “Matanzas”, etc. De referir o trabalho em coautoria, sobre o Douro: fotografia oficial dos 250 anos da Região Demarcada do Douro e a exposição “Douro: o tempo e a terra” que esteve patente na AR (com obras de Siza Vieira, José Rodrigues e Gracinda Candeias), no Parlamento Europeu, Paris e Bordéus, em Maputo e na Beira, no Douro e no Porto.
Dirige, desde outubro de 2013, com Manuela Matos Monteiro, as galerias Espaço MIRA e MIRA FORUM no Porto e desde abril de 2017 a galeria MIRA | artes performativas. É curador e organizador com Manuela Matos Monteiro da Bienal de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa.
https://www.facebook.com/joao.lafuente https://www.instagram.com/joaolaf/
ÁLVARO DOMINGUES
(Melgaço, 1959). Geógrafo, professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Da obra publicada destacam-se: Portugal Possível (Museu da Paisagem, Lisboa, 2022 com Duarte Belo); Paisagem Portuguesa, Lisboa, FFMS, 2022, com Duarte Belo); Paisagens Transgénicas, Museu da Paisagem, Lisboa; Volta a Portugal, (ed. Contraponto/Bertrand, Lisboa, 2022); Território Casa Comum (com Nuno Travasso, FAUP, Porto, 2015), A Rua da Estrada (Dafne, Porto, 2010), Vida no Campo (Dafne, Porto, 2012) e Políticas Urbanas I e II (com Nuno Portas e João Cabral, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2003 e 2011), Cidade e Democracia (Argumentum, Lisboa, 2006). Participa regularmente em conferências, atividades pedagógicas, exposições e projectos interdisciplinares. É sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Escreve regularmente no jornal Público e na Umbigo Magazine.
https://www.facebook.com/alvaro.domingues.3990/
ADELINO MARQUES
Nasceu em Gondomar, onde reside. Iniciou o contacto com a fotografia no final dos anos 70, na Faculdade de Medicina do Porto, tendo sido um dos colaboradores do departamento de fotografia da Associação de Estudantes. Frequentou o curso livre de fotografia da Cooperativa Árvore nessa mesma época e mais tarde o Instituto Português de Fotografia – Porto. Tem exposto regularmente o seu trabalho quer individual quer coletivamente, nomeadamente em Portugal, Espanha, França, Itália, Polónia, Chéquia, Ucrânia, Finlândia, Brasil e Estados Unidos. Alguns dos seus trabalhos encontram-se publicados em revistas e livros e fazem parte de coleções particulares e institucionais.
https://www.facebook.com/adelinomarques1 https://www.instagram.com/adelinomarques https://adelinomarquesphotography.weebly.com/
AUGUSTO LEMOS
Augusto Lemos nasceu e reside no Porto. Doutorado pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona foi professor na Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto entre o ano letivo 1994-1995 e 2021, tendo trabalhado nas áreas da Fotografia e do Património Cultural.
Expõe regularmente há dezenas de anos, com exposições individuais e coletivas. Tem artigos publicados sobre História da Fotografia (séc. XIX); Caminho de Santiago e Alminhas do Purgatório. É cocurador da coletiva estenopeica Imagens Periféricas integrada no MIRA Pinhole Photography. É autor dos livros de fotografia Vamos a la playa, As paisagens do viajante e coautor de O Signo e a Paisagem. Está representado em inúmeras publicações.
https://debicicletaapedal.blogspot.com/ https://aluzdofundodotunel.blogspot.com/ https://www.facebook.com/augusto.lemos.5 https://www.instagram.com/augusto_lemos_27/
CONCEIÇÃO MAGALHÃES
Conceição Magalhães (n. 1956, Porto). Arquiteta e docente de Projeto na Escola Artística de Soares dos Reis, no Porto. Realiza exposições individuais de fotografia, destacando-se A Questão do Vazio no MIRA FORUM (2024); God saved the cows (2022) e Espelho Meu (2021), integradas no Mês da Imagem do Porto (MIP_OFF); Caminhando, integrada no projeto Deslocamentos, no Centro Cultural Adriano Moreira, Bragança (2019) e no Centro de Arte de S. João da Madeira (2023.
Desde 2011, tem vindo a apresentar os seus trabalhos em diversas exposições coletivas, das quais destaca as participações anuais no MIRA Mobile Prize e nas Imagens Periféricas – Porto Pinhole Photography / MIRA Pinhole Photography, organizadas pelo MIRA FORUM e, em 2023, iNstantes em Avintes e Sala Aberta no Centro Português de Fotografia.
Tem imagens nas publicações da Associação de Fronteira para o Desenvolvimento Comunitário (RIBACVDANA), dedicadas a aspetos territoriais e culturais da região de Figueira de Castelo Rodrigo: Sobradilho / Mata de Lobos (2023), Escarigo / Puerto Seguro (2022), Bizarril / Monforte (2021) e Lenda da Marofa (2020). É coautora do livro O Signo e a Paisagem (2023).
https://www.facebook.com/profile.php?id=100074180139676
ALEXANDRE DELMAR
(Porto, 1982; vive e trabalha a partir de Esposende) é artista visual e fundador da prática artística e pedagógica A Recoletora. Em 2005 terminou o Bacharelato em Fotografia pela Escola Superior Artística do Porto e em 2007 licenciou-se em Tecnologias da Comunicação Audiovisual pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto. Foi artista em residência dos programas “(Re)Cri’arte” promovido pela C. M. do Fundão (2023); “Vivificar” programado pela CI.CLO Plataforma, em São Mamede de Ribatua (2022), e XVI Encontros da Primavera organizados pela Frauga, em Picote (2021). Foi bolseiro da Porto Design Biennale (2021), do Criatório do Porto (2020) e da Fundação Oriente em Kolkata, Índia (2010). Foi um dos artistas premiados na XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira com “A Fala das Cabras e dos Pastores” (2020). Em 2021 publica, em coautoria, o livro “Anotações sobre o Abaixo de Cão” pela editora Spector Books, vencedor do prémio de Melhor publicação em sustentabilidade pela Juanzong Archive Awards (2022).
Das exposições recentes em que participou, destaca-se “Corno-traqueia” na galeria A Moagem – Cidade do engenho e das Artes, no Fundão (2023); “Oltre Terra” dos Formafantasma no National Museum, Oslo (2023); “Vivificar” no Surnadal Billag, Noruega (2023); “Pela Terra — Encontro de arte e ecologia”, em Idanha-a-velha; “Bienal de Fotografia do Porto”, no Museu do Porto (2023); “Jardins Efémeros”, Viseu (2022); “Imago Lisboa Photo Festival”, na Galeria da Sociedade de Belas Artes de Lisboa; “Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira” (2021); “Como Construir uma Ilha: Úterus Azorica” no Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas, nos Açores (2019); “Dead Palms”, na Galeria Spazio Milano, Itália (2018).
Do trabalho artístico assinado enquanto A Recoletora, salienta-se a exposição “Enlaçar a boca às coisas” no MIRA FORUM Porto (2024); o projeto “A emergência da raiz”, que integrou a exposição coletiva “Un rastro de furia e algas” no Salón Artesoado do Colexio de Fonseca, em Santiago de Compostela (2023-24); o vídeo “O lodo ensina a dançar”, a convite do MAM — Mês da Arquitetura da Maia, patente no Fórum da Maia (2023); o projeto “Mesa Comum”, que teve lugar na vila de Fão, em Esposende, e contou com a participação da comunidade de refugiados (2023); o projeto “Meter o chão à boca”, integrado na programação “Pastos e Pastos”, a convite da Galeria Municipal do Porto (2022).
www.alexandredelmar.com https://www.instagram.com/alexandre_delmar/ https://www.facebook.com/AlexandreDelmar00