Horário: Todos os dias. Das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. (Aberto, parcialmente, devido às obras de reabilitação do edifício)

A Revolução dos Livros. Literatura, Museu e Património. Parte I | Residência Literária de Tiago Salazar em Lamego, 10 a 13 de outubro

A antecipar as atividades programadas pelo projeto plurianual de incentivo à criação literária A revolução dos livros. Literatura, Museu e Património, entre os dias 10 e 13 de outubro, o Museu de Lamego recebe o escritor e jornalista Tiago Salazar, para uma das residências previstas, destinadas à criação do próximo romance do autor.

A Revolução dos Livros é um projeto de criação literária e de mediação cultural e educativa, que surge numa natural sequência de um conjunto de bem-sucedidas intromissões da literatura na programação do Museu de Lamego.

Estávamos em 2020 quando, enquanto um pouco por todo o mundo se celebravam os 500 Anos da Viagem de Circum-Navegação, refletimos sobre o fenómeno da mobilidade, na sua abrangência e multiplicidade numa programação que titulamos “A Viagem”. Nesse contexto, a par de outras iniciativas, promovemos Por Este vos darei um Magriço. Percursos pelo património com Tiago Salazar, no âmbito da primeira residência literária realizada pelo escritor, em Lamego, a fim de concluir a escrita do livro. Realizados durante o verão, percorremos, à boleia do romance desse escritor, O Magriço. A verdadeira história de D. Álvaro Gonçalves Coutinho, alguns locais de referência da linhagem dos Coutinho – Castelo de Lamego, Convento de Santo António de Ferreirim e Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. O sucesso da iniciativa, então, pioneira no panorama da museologia portuguesa, tem-se desdobrado em muitos outros projetos de cocriação e coparticipação, que visam fomentar o diálogo entre a Literatura, a Arte e o Património e, de modo particular, a Literatura e o Museu de Lamego.

Mantendo uma ligação regular com o escritor Tiago Salazar que, entretanto, se expandiu a outros autores e domínios de expressão artística, entre 2020 e 2023, muitas foram as iniciativas promovidas pelo Museu de Lamego de ligação com a Literatura.

O impacto, francamente, positivo, junto do público, dos OCS e da crítica, num período particularmente desafiante em termos de programação do Museu de Lamego, pela coincidência temporal com o encerramento do espaço ao público, por motivo de obras, constitui um forte incentivo e dá-nos a confiança necessária para A Revolução dos Livros. Um projeto plurianual, inovador e o mais ambicioso, neste contexto, a ter início em outubro e a prolongar-se até 2026, quando se estima ocorra a total reabertura do museu, com a apresentação do novo projeto museográfico, resultante de uma profunda reflexão sobre o modo como pretendemos, nos dias de hoje, comunicar o museu, a sua história e as suas coleções.

Se, o tema Viagem foi pretexto para a intensificação do diálogo entre o Museu de Lamego e a Literatura, o fenómeno da mobilidade configura outrossim uma imagem de marca da história de Lamego, com reflexos óbvios nas coleções do museu ligadas à diáspora.  Com efeito, desde o século XV, a exemplo de Joseph de Lamego, judeu e sapateiro, que figura nos anais da história como explorador e espião ao serviço de D. João II, muitos foram os que partiram e/ou que chegaram, deixando um lastro indelével, que ecoa pelas galerias do museu, constituindo uma das suas marcas identitárias, e a que pretendemos dar maior visibilidade, por meio de narrativas contemporâneas em torno dos seus protagonistas e responsáveis pelo crescimento das coleções do museu, através da aquisição ou doação, em camadas sucessivas, de objetos provenientes de todas as partes do mundo, testemunhando a sua mundividência.

É neste contexto, de profunda reflexão sobre o Museu que pretendemos legar às gerações futuras que, em 2022, numa das chegadas do escritor Tiago Salazar à cidade, o Museu de Lamego foi contemplado com a doação da sua biblioteca pessoal de literatura de viagens, que encaramos como uma oportunidade de adicionar uma nova camada na construção da memória, em estreita relação com o legado pré-existente, que se traduz, ao mesmo tempo, no interesse do escritor pela História de Lamego e a vontade de contribuir para a produção de conhecimento, salvaguarda e divulgação da memória, a partir de uma biografia romanceada, de uma figura de Lamego, das mais ilustres do século XVIII.


Programa da residência literária

10 de outubro

Museu de Lamego – Salão Nobre

Curso de escrita e fotografia de viagens, com Tiago Salazar destinado a alunos dos cursos de licenciatura em Gestão Turística, Patrimonial e Cultural e em Secretariado e Administração, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego.

Sessão 1 – 15h00 – 17h00

Sessão 2 – 17h30 – 20h00

– Apresentação da Doação Tiago Salazar – biblioteca de livros de viagem.

11 de outubro

Participação no Almoço Agustiniano e tertúlia, promovida pelo Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, na Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, Lamego.

12 e 13 de outubro

Visita aos locais de referência do “herói” do romance (a divulgar) e realização de entrevistas, com a participação de Joaquim Melo.

Promovida pelo Museu de Lamego, o programa conta com o apoio da Liga dos Amigos do Museu de Lamego e a parceria da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego.


Tiago Salazar

Nasceu em Lisboa, em 1972. Formou-se em Relações Internacionais e estudou Guionismo e Dramaturgia em Londres. É doutorando no Instituto de Geografia, onde prepara uma tese sobre A Volta ao Mundo, de Ferreira de Castro. Trabalha como jornalista desde 1991, atualmente como freelancer.

Venceu o prémio Jovem Repórter, do Centro Nacional de Cultura, em 1995. É formador de Escrita e Literatura de Viagens. Idealizou, escreveu e apresentou o programa Endereço Desconhecido, da RTP2. Foi vencedor do prémio Literatura na XVII Gala dos prémios da revista Mais Alentejo, em 2018, e duas vezes distinguido com o Prémio Textos de Amor Manuel António Pina.

Enquanto autor, publicou livros de viagens, diversos volumes de crónicas, um diário, um texto dramático, dois títulos infantojuvenis, além dos romances A Escada de Istambul (Oficina do Livro, 2016; representante português no Festival du Premier Roman – Chambéry, 2018), O Magriço (Oficina do Livro, 2020) e O Pirata das Flores (Oficina do Livro, 2021).