Dando continuidade à publicação da revista Conhecer Conservar Valorizar, o presente número reúne os textos dedicados à escultura da Virgem do Ó, publicados em primeira edição no catálogo impresso da exposição «Misericórdia de Lamego. 1519-2019».
Pretende-se assim manter o propósito inicial da publicação online, de fazer chegar a um cada vez maior número de pessoas o conhecimento produzido sobre as peças do museu que, ao longo de quase uma década, têm sido alvo de estudo e de tratamento de conservação e restauro, ao abrigo do projeto de fundraising Conhecer Conservar Valorizar.
Contrariamente a edições anteriores da revista, nas quais foi dado destaque a obras pouco conhecidas ou mesmo desconhecidas da coleção do museu, neste número debruçamo-nos sobre uma peça que goza de grande popularidade, tanto junto do público como dos investigadores.
De origem ainda incerta, a escultura da Virgem do Ó encontrava-se no século XVIII na capela do antigo Hospital da Misericórdia, no entanto, é possível que a sua vinda para Lamego tenha ocorrido ainda no século XIV, relacionada com a nomeação de D. Frei Salvado Martins, o antigo confessor da rainha Isabel de Aragão, para a catedral lamecense, onde governa entre 1331-1349. Nas primeiras décadas do século XX, por intervenção do médico do antigo hospital, Abel da Costa Flórido, a escultura foi incorporada nas coleções do museu. Uma vez desafeta ao culto, não foi fácil destituir-lhe o conteúdo sagrado ou religioso, continuando por algum tempo a ser procurada pelas parturientes, que pretendiam acender-lhe velas votivas.
Estende-se aos nossos dias a afeição do público por esta imagem, motivada, por certo, pela capacidade empática – como Paulo Pereira tão bem observou – que a arte gótica soube emprestar à iconografia da Expectação, na sua dimensão sensível e modo humanizado de representação da Virgem. Convertida em peça ícone do Museu de Lamego, é também uma das mais requisitadas para figurar em exposições no país e no exterior, circunstância que viria a ditar a urgência do tratamento de conservação e restauro que necessitava, motivada pelo pedido de cedência da escultura para figurar na «Vestida de Branco: exposição comemorativa do centenário da primeira imagem de N. Sra. de Fátima», que teve lugar no Museu de Santuário de Fátima, entre novembro de 2019 e outubro de 2020.
Cumpre agradecer, neste número:
Aos autores, Carla Varela Fernandes (historiadora de arte), Ana Bidarra e Pedro Antunes (conservadores-restauradores), da equipa Cinábrio – Conservação e Restauro, responsável pela intervenção da escultura;
Aos mecenas, Museu do Santuário de Fátima e Quinta da Pacheca – Cambres, que assumiram o financiamento global do tratamento efetuado.
Ao CTOE – Lamego, pelo apoio logístico.
Cadernos Conhecer Conservar Valorizar 04 | Virgem do Ó
Veja online: https://issuu.com/066239/docs/2020_revista_ccv_04_virgemo
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