Nota de pesar | Abel Flórido
Faleceu no dia 11 de fevereiro, Abel Flórido, diretor do Museu de Lamego, entre 1955 e 1992, e uma das referências da museologia portuguesa na 2.ª metade do século XX.
Abel da Silveira Montenegro Flórido nasceu em Lamego em 1922. Licenciado em Ciências Históricas-Filosóficas, assume a direção do Museu de Lamego em 1955, cargo que ocupa até 1992. Ao longo dos 37 anos que esteve à frente dos destinos do museu desenvolveu uma intensa atividade em todos os domínios, desde o inventário, conservação e restauro de coleções, passando pela realização de exposições e ações de divulgação, promovidas em colaboração com a comunidade envolvente.
Inesquecível, o contributo decisivo que teve no processo de recuperação da coleção de tapeçarias flamengas (1956-1965), considerado, ainda hoje, uma referência para o setor da conservação e restauro de têxteis em Portugal: «Pode dizer-se que a conservação das tapeçarias do Museu de Lamego, particularmente a da “Música”, foi a causa mais próxima da organização da Oficina de Restauro de Têxteis que funciona no instituto anexo ao Museu Nacional de Arte Antiga» (Maria José Mendonça).
Organizou cerca de 30 exposições temporárias, com o intuito de aprofundar o conhecimento e de divulgar a arte e o património regionais.
Desafiado por João Couto, então diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, elabora o programa museográfico para o Museu de Lamego, no âmbito do curso de Conservador de Museu, criado em 1965.
Assume a direção das últimas grandes obras de adaptação do edifício, decorridas entre 1971 e 1981, que deram lugar à instalação do auditório, ao projeto museográfico de exposição das pinturas de Grão Vasco e das tapeçarias, e a uma área destinada aos Serviços Educativos, que criou em 1978.
Em 1984 é encarregado pelo presidente do IPPC pela gestão do Museu Grão Vasco e instalação do Museu da Guarda.
Abel Flórido foi ainda responsável, em 1985, pelo primeiro curso de formação profissional de conservação e restauro de talha dourada, inaugurando um novo capítulo na vida do museu, que passou a assumir um papel de relevo na recuperação do património artístico da região (adaptado de Agostinho Ribeiro, 1998).
Professor no Liceu Nacional Latino Coelho e Colégio de Lamego, foi sócio fundador da Associação Portuguesa de Museus (APOM), membro da Comissão de Arte Sacra da Diocese de Lamego e presidente fundador da Universidade Sénior Jerónimo Cardoso (Lamego).
Foi condecorado pelo Governo Português, com a Ordem de Mérito, em 1990 e, em 1992, o Município de Lamego atribui-lhe a Medalha de Ouro da Cidade, adquirindo o estatuto de Cidadão Honorário.
A direção do Museu de Lamego.