
10 Anos | Conhecer Conservar Valorizar
Nas reservas do museu habitam memórias…
Motivado pela possibilidade de resgatar a memória desses objetos menos conhecidos ou esquecidos das coleções do museu, dando-lhes novas leituras e contextos, de modo a promover a sua valorização e simultaneamente enriquecer o olhar e o conhecimento, o Museu de Lamego iniciou em 2011 o projeto Conhecer, Conservar, Valorizar.
Assente num modelo de gestão de coleções participativo, por meio de uma campanha de fundraising, que põe em relevo a relação do público com o museu e as suas coleções, o projeto de investigação, de conservação e restauro e de mediação, completa este ano 10 anos de existência.
Durante 10 semanas, sempre à quarta-feira, passamos em revista o que têm sido estes 10 anos de Conhecer, Conservar, Valorizar, dando destaque às obras de arte intervencionadas, à investigação produzida, aos mecenas, às publicações e às exposições e eventos realizados.
SEMANA 1/10
África é o título de uma gravura muito rara de Conrad Lauwers editada em Paris por Pierre Landry e sucessores (1679-1720), e também da primeira peça intervencionada no âmbito do projeto Conhecer, Conservar, Valorizar.
África
Conrad Lauwers (1632-1685), a partir de Louis Licherie de Baurie (1629-1685), editada por François Landry e sucessores (1688-1720)
Paris, 1709-1720
Gravura retocada a água-forte
Proveniente do antigo Paço Episcopal de Lamego
Inv. ML 6016
INVESTIGAÇÃO
Alexandra Falcão (Museu de Lamego); Frédéric Jiméno (Universidade de Paris, Panthéon – Sorbonne)
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Mafalda Veleda
MECENAS
Anónimos
PUBLICAÇÕES ONLINE
Cadernos Conhecer, Conservar, Valorizar – 1
Revista Vox Musei – Museus, Arte e Património 1
VÍDEOS
PRÉMIO
APOM 2012 – Melhor Intervenção de Conservação e Restauro
SEMANA 2/10
Quo Vadis?
O Encontro de São Pedro com Jesus, numa pintura “esquecida”, que afinal nos remete para melhor conhecermos a catedral de Lamego em meados do século XVI, os seus artistas e mecenas.
Quo Vadis?
Pintor desconhecido, séc. XVI
Pintura a óleo sobre madeira
Proveniente da (desaparecida) capela de São Pedro da catedral de Lamego
Inv. ML 19
INVESTIGAÇÃO
Alexandra Falcão (Museu de Lamego)
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Carlos Mota (Museu do Douro), Ana Brito e Rita Veiga (PortoRestauro) e Laboratório Hércules
MECENAS
Anónimos, Six Senses e Sogrape/Grão Vasco
PUBLICAÇÃO ONLINE
Cadernos Conhecer, Conservar, Valorizar – 2
VÍDEO
PRÉMIO
APOM 2018 – Melhor Intervenção de Conservação e Restauro
SEMANA 3/10
Cristo atado à coluna e Flagelação de Cristo
O resgate de duas peças-chave para a compreensão do programa decorativo da primitiva igreja da Misericórdia de Lamego.
Cristo atado à coluna
António Leitão
1565
Óleo sobre madeira de castanho
Proveniente do retábulo-mor da igreja da Misericórdia
Inv. ML 77
Para mais informação, clique aqui.
Flagelação de Cristo
António Leitão
1565
Óleo sobre madeira de castanho
Proveniente do retábulo-mor da igreja da Misericórdia
Inv. ML 78
INVESTIGAÇÃO
Beatriz Albuquerque
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Rosa Vouga
MECENAS
Anónimos
PUBLICAÇÃO ONLINE
SEMANA 4/10
Duas “velhas” esculturas que brilharam na passagem dos 500 anos da fundação da Misericórdia de Lamego.
Cristo atado à coluna e Ecce Homo
João António (escultor), António Leitão (pintor), 1567-1570
Madeira policromada
Provenientes da primitiva igreja da Misericórdia, Lamego
Inv. ML 1619 e 1618
INVESTIGAÇÃO
Beatriz Albuquerque, Helena Lemos
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
PortoRestauro
MECENAS
Anónimos, Santa Casa da Misericórdia de Lamego
PUBLICAÇÃO ONLINE
SEMANA 5/10
Virgem do Ó
Ó! Que espanto ficou uma das mais emblemáticas esculturas do gótico português (e talvez aquela que mais emociona os nossos visitantes)
Virgem do Ó
Mestre Pero de Bonneil, 1330-1360
Calcário policromado
Proveniente da capela do hospital da Misericórdia de Lamego
Inv. ML 130
INVESTIGAÇÃO
Carla Varela Fernandes (Universidade Nova de Lisboa)
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Ana Bidarra e Pedro Antunes – Cinábrio, Conservação e Restauro
MECENAS
Museu do Santuário de Fátima e Quinta da Pacheca (Cambres. Lamego)
PUBLICAÇÃO ONLINE
SEMANA 6/10
Santa Bárbara
Aparição de Cristo a Maria Madalena (Noli me tangere)
Santa Helena
Noli me tangere é uma expressão latina que significa “Não me toques”, que Cristo terá proferido na sua aparição a Maria Madalena, após a Ressurreição. Mesmo não trovejando, lembrámo-nos de Santa Bárbara e “tocámos” na capela de São João Batista com o objetivo de dar início ao tratamento integral do conjunto de c. 60 pinturas que a decoram.
Já Santa Helena de Constantinopla é considerada a primeira arqueóloga e, por essa razão, padroeira dos arqueólogos. Não estranhamos por isso ter sido apadrinhada por um jovem arqueólogo de Lamego.
Aparição de Cristo a Maria Madalena
Autor desconhecido, séc. XVII
Pintura a óleo sobre tela
Proveniente do extinto Mosteiro das Chagas. Capela de São João Batista
Inv. 122/31
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MECENAS: Miguel Ramalho e Teresa Henrique Ramalho
Santa Bárbara
Autor desconhecido, séc. XVII
Pintura a óleo sobre tela
Proveniente do extinto Mosteiro das Chagas. Capela de São João Batista
Inv. 122/36
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MECENAS: Anónimos
Santa Helena
Autor desconhecido, sec. XVII
Pintura a óleo sobre tela
Proveniente do extinto Mosteiro das Chagas. Capela de São João Batista
Inv. 122/ 30
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MECENAS: Tiago Araújo
INVESTIGAÇÃO
Em curso
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Beatriz Albuquerque
SEMANA 7/10
São Lucas
Uma peça-chave para melhor compreender as relações artísticas entre a diocese de Lamego e a Flandres, na 1.ª metade do século XVI.
Doado ao Museu de Lamego em 2020, por Manuel Antunes e Maria Zulmira Antunes, o estudo e tratamento de conservação e restauro do alto-relevo, figurando o São Lucas, de imediato se afigurou uma prioridade.
A ligação deste exemplar ao São Marcos, do Museu Nacional de Arte Antiga – e obtido o mecenato destinado à sua intervenção -, deu origem ao início de um projeto multidisciplinar de investigação, estudo e conservação e restauro, envolvendo diversas entidades.
São Lucas
Cornelis de Holanda
1510-1525
Madeira (nogueira) policromada
Proveniência: Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Doação Manuel Antunes e Maria Zulmira Antunes
Inv. ML 8626
MECENATO
Luís Vasconcelos e Sousa & Amigos; anónimos
INVESTIGAÇÃO
Em curso (equipa multidisciplinar do Museu Nacional de Arte Antiga, Museu de Lamego e Faculdade de Letras da Universidade do Porto)
TRATAMENTO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Em curso (equipa multidisciplinar do Museu Nacional de Arte Antiga, Laboratório José de Figueiredo e Universidade Católica do Porto).
SEMANA 8/10
Espaço “Conhecer, Conservar, Valorizar”
Em 2014, inaugurámos o espaço Conhecer, Conservar, Valorizar, no final do percurso da exposição permanente do museu, por forma a comunicar o projeto e de deixar o convite à participação dos visitantes na campanha de mecenato.
Desde então, a sala tem passado por várias transformações, de molde a refletir diferentes etapas do projeto e de dar forma à expressão da nossa gratidão pela participação dos nossos visitantes. Com efeito, nenhum visitante/mecenas sai do museu de mãos vazias.
SEMANA 9/10
Iniciativas de mediação cultural e educativa
Muito mais do que um projeto de fundraising, ao longo destes 10 anos Conhecer, Conservar, Valorizar tem sido um projeto de mediação cultural e educativa que pugnou sempre por uma programação coparticipada, envolvendo diversas parecerias com diversas instituições, associações e estabelecimentos de ensino.
«O Museu da Minha Escola» (2011)
Projeto levado a efeito com o Colégio da Imaculada Conceção, Lamego, com o apoio da Escola do Turismo e Hotelaria do Douro, premiado no âmbito do concurso escolar “A minha escola adota um museu”, promovido pelo extinto Instituto dos Museus e da Conservação.
Produção de réplicas em pastelaria (2012)
Numa iniciativa promovida pelo curso de pastelaria da Escola de Turismo e Hotelaria do Douro, foram produzidas réplicas em chocolate e massapão de duas obras inscritas no projeto de mecenato – o cruzeiro do Bom Despacho e a pintura Quo Vadis? -, com a finalidade de angariação de fundos através de um leilão.
«Palcos cruzados» (2012)
Para comemorar a Noite dos Museus teve lugar um grande evento, no qual o público foi programador e protagonista.
Participaram: Alexandre Sampaio (performance “Intimidades”), Art Dance – Escola de Dança de Roberto Sabença; Conservatório de Dança de Vila Real; Grupo de Jovens da Sé de Lamego e Professor Chasten.
«Doce Revolução» (2017)
Feira de doçaria no claustro da catedral de Lamego, organizada pela Escola de Turismo e Hotelaria do Douro, para celebrar o 25 de abril. O fim… a angariação de fundos a reverter para o projeto Conhecer, Conservar, Valorizar.
Jantares de mecenas (2017, 2018, 2019)
Iniciados em 2017, por ocasião do 100.º aniversário do museu, os jantares de mecenas foram organizados para apresentação pública das obras recuperadas ao abrigo do projeto CCV e como forma de incentivo ao mecenato.
Caminhada solidária (2019)
A Santa Casa da Misericórdia de Lamego foi, em 2019, a instituição convidada do museu para se associar ao projeto CCV. Nessa medida, no âmbito das comemorações do 500.º da sua fundação em Lamego, promoveu uma Caminhada Solidária, que reverteu inteiramente para a recuperação de duas esculturas provenientes da primitiva igreja da Misericórdia, que hoje integram a exposição permanente.
SEMANA 10/10
Em jeito de conclusão pelo périplo que, ao longo de 10 semanas, fizemos pelos 10 Anos de Conhecer Conservar Valorizar, regressámos ao início do projeto, para partilhar o testemunho de Gonçalo Lemos.
Nascido em Coimbra há 36 anos, licenciado em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra, onde também frequentou o curso de mestrado em Política Cultural Autárquica, e mais recentemente, o curso de pós-graduação na FLUL de Indústrias Culturais e Criativas: Gestão e Estratégias, Gonçalo Lemos foi estagiário no Museu de Lamego, em 2021, ao abrigo da primeira edição do programa PEPAC. Nesse contexto, teria um papel decisivo na génese do projeto de fundraising, que agora cumpre 10 anos de existência.