Horário: Todos os dias. Das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. (Aberto, parcialmente, devido às obras de reabilitação do edifício)

Melancolia Tropical ou a Ilha que perdeu o Equador. Daniel Blaufuks, no Museu de Lamego até fevereiro de 2024

[prolongamento até 13 de fevereiro]

Apresentada no passado dia 12 de outubro, no contexto do Festival Literário – Textemunhos 2023, a exposição Melancolia Tropical ou a Ilha do Equador, de Daniel Blaufuks, vai estar patente ao público, no Museu de Lamego até 11 de fevereiro de 2024.

Melancolia Tropical resulta do convite endereçado ao artista português para desenvolver um trabalho sobre [Des] Colonização, tema da 2.ª edição do Festival, que coincidiu com uma recente residência artística realizada por Daniel Blaufuks, em São Tomé e Príncipe, nas roças de cacau e café.

Ao trabalhar sobre as roças de São Tomé, apercebi-me ao percorrer os seus enormes espaços, muitos ainda hoje habitados pelos antigos serviçais ou seus descendentes, em como este longo capítulo da colonização portuguesa necessita de ser relembrado e, porventura, mais estudado.

Eu, que tenho trabalhado muito sobre a Shoah, o chamado Holocausto, considero o colonialismo português um outro tipo de holocausto, que durou séculos e que, tal como a Shoah, projecta a sua sombra muito para além da duração concreta do acontecimento em si, afectando não só psicologicamente as vidas dos descendentes, como também as suas condições de vida e as economias dos países que foram parte dessa quimera imperial. A história do colonialismo é também uma história de crime e de roubo, e pertence, como todas estas histórias, aos dois, ao criminoso e ao roubado, unindo-os para sempre. (Daniel Blaufuks).

É com este pano de fundo, que a exposição integra fotografia de grande formato, sublinhando o trabalho autoral, e perto de 100 obras em folhas A4, numa combinação de colagens com fotografias instantâneas, recortes de textos e imagens, oriundos de jornais e livros, textos manuscritos, espécies botânicas, selos postais, mapas e outros, que distribuídas pelas salas de exposição, criam constelações próprias, não só visuais, como também informativas, políticas e opinativas, promovendo, de modo sui generis, o debate e o questionamento sobre o nosso passado colonial.

Promovida pelo Museu de Lamego e Direção Regional de Cultura do Norte, Melancolia Tropical, tem Daniel Blaufuks, na curadoria, a produção da Galeria Vera Cortês e o apoio de Hangar – Centro de Investigação Artística.