JOÃO BOTELHO e A CORTE DO NORTE na pré-abertura de Textemunhos – Festival Literário
4 de outubro – 21h30
Museu de Lamego [sala de exposições temporárias]
A marcar o arranque do Festival Literário Textemunhos, que terá lugar entre 5 e 8 de outubro em Lamego, o 7.º Ciclo de Cinema ao Ar Livre fecha a edição deste ano, no Museu de Lamego, a 4 de outubro, com uma sessão especial dedicada a João Botelho. Após o ciclo organizado o mês passado pela Cinemateca Portuguesa, que incluiu a apresentação quase integral da sua obra, João Botelho regressa a Lamego para uma sessão comentada do filme A Corte do Norte, de 2008, a partir do romance epónimo de Agustina Bessa-Luís, cujo centenário de nascimento se celebra este ano.
Numa parceria com o Município de Lamego e o apoio da Cinemateca Portuguesa, a exibição comentada do filme será o evento inaugural de reabertura da sala de exposições temporárias do Museu de Lamego, após um ano de encerramento ao público por motivo das obras de reabilitação em curso.
A entrada é gratuita, sujeita à lotação do espaço.
JOÃO BOTELHO
Dez anos mais novo do que João César Monteiro (cujo primeiro filme data de 1969) e dez anos mais velho do que Pedro Costa (cujo primeiro filme data de 1989), João Botelho pertence à geração que chegou ao cinema logo a seguir ao 25 de Abril e, no seu caso pessoal, devido ao 25 de Abril. Embora cinéfilo, ao ponto de passar frugais férias em Paris para devorar filmes na Cinemateca Francesa, João Botelho não se destinava a uma carreira no cinema. Em Abril de 1974, aos vinte e cinco, ele concluía o curso de Engenharia Mecânica no Porto quando a Revolução dos Cravos causou uma revolução na sua vida. Abandonou então os estudos e abalou para Lisboa. Entrou para a Escola de Cinema, “onde ensinaram‑nos que só havia dois cineastas dignos de interesse: Jean‑Marie Straub e Jean‑Luc Godard”. Desde a sua primeira longa‑metragem, CONVERSA ACABADA (1982), sobre a correspondência entre Fernando Pessoa e Mário de Sá‑Carneiro, cujas opções formais são radicais e anticonvencionais, Botelho situa‑se entre os cineastas do tempo e não do movimento, profundamente convencido de que “o como é mais importante do que o quê”. [Fonte: Cinemateca Portuguesa].
Além de cineasta, João Botelho tem uma atividade paralela de gráfico, tendo sido responsável pela conceção gráfica de diversas publicações e capas de livro, que estarão em destaque na exposição AS FACES DO LIVRO, organizada pelo Arquivo EPHEMERA, em exibição no Museu Diocesano de Lamego, a partir de 6 de outubro, no âmbito da programação paralela do festival literário.
A CORTE DO NORTE
de João Botelho
com Ana Moreira, Ricardo Aibéo, Rogério Samora, Laura Soveral
Portugal, 2008 – 122 min | M/12
A adaptação do romance epónimo de Agustina Bessa-Luís era um projeto de José Álvaro de Morais, que faleceu antes de poder levá-lo a cabo. João Botelho retomou o projeto e alterou substancialmente o argumento de modo a reduzir os custos de produção. Esta também foi a sua primeira longa-metragem filmada em suporte digital e a fotografia de João Ribeiro é magistral. Situado na Madeira num período de cem anos, de meados do século XIX a meados do século XX, o filme acompanha uma mulher que busca a verdade sobre várias gerações de mulheres da sua família e os seus amores frustrados. Todas estas personagens, num total de sete, são representadas por Ana Moreira. Realizado com grande apuro visual e repleto de referências à pintura, A CORTE DO NORTE tem uma estrutura narrativa mais “clássica” do que os filmes realizados até então por Botelho. [Fonte: Cinemateca Portuguesa].