Um Museu para todos. O Olhar de cada um
[a peça] Nu Masculino
Abel Salazar (1889-1946)
Porto (?)
S/d
Pintura a óleo sobre madeira de casquinha
Doação Dr. João de Almeida
Inv. ML 1680
Peculiar, na obra de Abel Salazar (1889-1946), um nu masculino preenche o espaço de grandes dimensões, sob uma poalha dourada que irrompe numa torrente de luz. O corpo, em posição frontal, exibe na sua volumetria e tensão (em contraponto com a cabeça, a perna fletida e os braços que sustentam o farto molho de espigas), uma expressão de força e virilidade, que o olhar e o rosto contrariam, atribuindo-lhe uma certa androginia.
Considerado um precursor do neorrealismo, foi na luz de Rembrandt (1606-1669), nas vibrações dos impressionistas e na ligação com os clássicos e académicos, modernistas e futuristas, que Abel Salazar criou a sua linguagem estética.
A pintura foi doada ao Museu de Lamego pelo médico-cirurgião, natural de Lamego e radicado no Porto, João de Almeida (1893-1991), colega e amigo de Abel Salazar. Com efeito, é na companhia do primeiro que, em 1934, Abel Salazar faz uma passagem por Lamego, onde além do museu, visita a Sé, a igreja do Desterro e o Hospital (Voz de Lamego, 25 de agosto de 1934).
[o conto]
“Um homem ao espelho”, in Um Museu para todos. O Olhar de cada um, p. 129.
[a citação]
Essas frases brotavam-lhe a esmo, algures numa avalancha de impropérios e julgamentos de carácter, concluídas com a sua máxima feroz de pretor romano, um contumaz «rebento-te todo». Por vezes, no calor da explosão, trocava o rebento por arrebento como uma onda a desfazer-se no areal.