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E-catálogo | Morte de Orfeu

Um Museu para todos. O Olhar de cada um 

[a peça] Morte de Orfeu

Morte de Orfeu pelas Bacantes

Cópia segundo Giacinto Gimignani (Itália, 1606-1681)

Pintura a óleo sobre tela

Antigo paço episcopal de Lamego

Inv. ML 40

De origem italiana, cópia de um exemplar do pintor Giacinto Gimignani (1606-1681), a tela ilustra o episódio narrado nas “Metamorfoses” de Ovídio, “Morte de Orfeu pelas Bacantes” e fazia parte da antiga pinacoteca, organizada pelos bispos de Lamego, no paço episcopal, onde hoje está instalado o Museu de Lamego.

Narrado nas Metamorfoses, de Ovídio (Livro XI, 1-84), o assunto inspirou a chamada grande pintura ou pintura histórica, que incluía a representação de relatos bíblicos e, de maior erudição, os temas inspirados na mitologia greco-romana, que a partir do século XVII conheceram ampla difusão através da pintura de pequeno formato.

Plena de barroquismo, a pintura é vigorosa e dinâmica, caraterizada por linhas diagonais, a lembrar alguns trabalhos de Rubens.

As Ménades, segundo a mitologia clássica, eram as Ninfas que alimentaram o deus Dionísio/Baco, conhecidas como as Bacantes divinas. Inspiradas pela embriaguez, cantam e dançam freneticamente, até serem possuídas por um êxtase místico. São representadas nuas ou vestidas, com véus ligeiros que mal lhes simulam a nudez. Em grupo de nove, dançam coroadas de hera e trazem na mão um tirso, por vezes um cântaro, ou então tocam instrumentos, como uma flauta de dois tubos ou um tamborim. A composição é dominada pela agitação e movimento de um grupo de três Ménades que se dirigem a Orfeu adormecido, à direita. Descalças, as mulheres usam vestes ligeiras e estão enfeitadas com grinaldas de hera na cabeça. A primeira, à esquerda, de peito descoberto, figura com um caminhar silencioso, sinalizando com indicador sobre o lábio o sono de Orfeu; a do centro, em contraponto, dirige o olhar para a primeira e aponta a figura adormecida; a da direita inclina-se sobre a divindade, que exibe o torso despido, com um tratamento que toma como modelo a estatuária clássica. De braços erguidos, mais duas mulheres – uma segurando um violino e a outra um tirso – precipitam-se sobre Orfeu, preparando-se para desferir o golpe. À esquerda, em plano intermédio, é visível um episódio secundário, com diversas figuras em vigorosa agitação.

[o escritor] RICARDO FONSECA MOTA

[o conto]

“Uma grade para me prender”, in Um Museu para todos. O Olhar de cada um, p. 100.

[a citação]

No segundo dia, o anónimo repetiu a viagem entre o Café Catedral e o Museu, escapando pouco à vigília de Neves, que não perdera esperança de conseguir engraxar-lhe os sapatos. Ao cair da tarde, o visitante regressava do Museu quando, no largo da Sé, Neves observou-o pela primeira vez em dois dias de rosto levantado, mirando não as pedras da calçada, mas as do alto da Catedral.