Horário: Todos os dias. Das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. (Aberto, parcialmente, devido às obras de reabilitação do edifício)

A Exposição

Um Museu para Todos. O Olhar de Cada Um

De 28 de abril a 29 de outubro de 2023 [prolongamento até 28 de abril de 2024]

[pt] Um Museu para todos. O Olhar de cada um

O Museu de Lamego está instalado num emblemático palácio setecentista do centro histórico, que foi residência e sede do governo episcopal até ao advento da República. A sua criação, em 1917, reflete os efeitos da aplicação da Lei de Separação do Estado das Igrejas (1911) — e a consequente desamortização de bens da Igreja —, acompanhados pelo fervor republicano por correntes historicistas, que viam nos testemunhos do passado uma forma de devolver a esperança no futuro e, nessa medida, a construção da memória como um instrumento de formação e instrução dos cidadãos.

Com um acervo verdadeiramente eclético, possui coleções de pintura, tapeçaria, mobiliário, ourivesaria, paramentaria e meios de transporte, que faziam parte do recheio do antigo palácio, complementadas, mais tarde, por um conjunto de capelas revestidas em soberba talha dourada, espécies arqueológicas, cerâmicas, gravura, desenho, fotografia e numismática, além de um fundo documental e uma generosa biblioteca com aproximadamente dez mil exemplares. O políptico — formado por cinco painéis, de um conjunto original de vinte — executado pelo mítico pintor Grão Vasco Fernandes para a catedral de Lamego, nos inícios do século XVI; o núcleo de tapeçarias flamengas, único no país, produzido em Bruxelas, na mesma época; os painéis de azulejos figurados do século XVII, encontrados no Palácio Valmor, em Lisboa, e um sarcófago medieval figurado com cenas venatórias, classificados como Tesouros Nacionais, fazem parte do conjunto de maior relevância de uma coleção que é cronologicamente mais abrangente, com exemplares datados de entre os séculos I e XXI. Diversa, plural e formada por camadas sucessivas, é uma coleção que permite um percurso de descoberta sobre Lamego e a sua história, e sobre os homens e mulheres que a habitaram ao longo dos séculos.

Em 2021, volvidas cinco décadas desde a última grande intervenção no edifício, o Museu iniciou um programa de obras estruturais, que titulámos Museu de Lamego. Museu para todos. Com conclusão prevista para 2024, a intervenção visa a melhoria das acessibilidades físicas e comunicacionais do espaço. Além de uma componente estrutural, que contemplou a impermeabilização do edifício, com a substituição total de coberturas e revisão de caixilharias, e a instalação de um elevador, de modo a proporcionar melhores condições de conforto aos visitantes e às coleções, o programa vincula-se a uma missão de reforço da capacidade comunicacional — e educacional — do Museu e das suas coleções, sensível às exigências da sociedade contemporânea. Hoje, como ontem, a educação e o desenvolvimento do conhecimento prevalecem como pilares de atuação.

Um Museu para todos pressupõe o despertar do Olhar de cada Um, propósito que esteve na origem do livro de contos e a exposição temporária, que assinala a reabertura da ala de arqueologia, concluída a reabilitação estrutural do edifício ao abrigo do programa de apoios Norte2020.

Dez escritores portugueses – Andréa Zamorano, Filipa Martins, João Morales, Manuela Gonzaga, Manuel da Silva Ramos, Nuno Camarneiro, Ricardo Fonseca Mota, Rita Taborda Duarte, Rui Zink e Tiago Salazar – foram convidados a escrever uma breve narrativa inédita a partir das coleções do Museu, emprestando-lhes renovadas camadas de leitura. Um livro – Um Museu para todos. O Olhar de cada Um – e a sua narrativa visual, sugerida pela exposição, num convite ao visitante a lançar o seu olhar caleidoscópico sobre o museu e suas coleções, desafiando-o a uma leitura sobre a teia de interações que se estabelecem entre os objetos e os seus contextos, e as biografias ficcionais que lhes foram adicionadas pelos autores do livro.

A exposição pode ser visitada de segunda a domingo, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.

[eng] A museum for everyone. The look of each one.

The Lamego Museum is housed in an emblematic 18th-century palace in the old town, which was the residence and seat of the episcopal government until the advent of the Republic. Its creation, in 1917, reflects the effects of the application of the Law on the Separation of State and Churches (1911) — and the consequent depreciation of the Church’s assets —, accompanied by republican fervour from historicist currents, which saw in the testimonies of the past a way to restore hope in the future and, to that extent, the construction of memory as an instrument for training and educating citizens.

With a truly eclectic collection, it features paintings, tapestries, furniture, jewellery, vestments and means of transport, which were in the former palace, later complemented by a set of wreaths covered in superb gilded carving, archaeological specimens, ceramics, engravings, drawings, photographs and coins, in addition to a documentary fund and a generous library with approximately ten thousand copies.

The polyptych — made up of five panels, out of an original set of twenty — executed by the mythical painter Grão Vasco Fernandes for the Lamego cathedral, in the early 16th century; the core of Flemish tapestries, unique in the country, produced in Brussels during the same period; the figured tile panels from the 17th century, found at Valmor Palace, in Lisbon, and a medieval sarcophagus depicting hunting scenes, classified as National Treasures, are part of the most relevant set of a collection which is chronologically more comprehensive, with specimens dated between the 1st and 21st centuries. Diverse, plural, and formed by successive layers, it’s a collection that allows a journey of discovery about Lamego and its history, and about the men and women who inhabited it over the centuries.

In 2021, five decades after the last major intervention in the building, the museum began a programme of structural works, which we titled “Museu de Lamego. A museum for everyone.” Scheduled to be completed by 2024, the intervention aims to improve the physical and communicational accessibility of the space. In addition to a structural component, which included waterproofing the building, with the total replacement of roofs and overhaul of window frames, and the installation of an elevator, in order to provide better comfort conditions for visitors and collections, the programme is linked to a mission to reinforce the communicational — and educational — capacity of the Museum and its collections, sensitive to the demands of contemporary society. Today, as in the past, education and the development of knowledge prevail as pillars of action.

A Museum for Everyone presupposes the awakening of the Look of Each One, a purpose that was at the origin of the book of stories and the temporary exhibition, which marks the reopening of the archaeology wing, after completing the structural rehabilitation of the building under the Norte2020 support programme.

Ten Portuguese writers – Andréa Zamorano, Filipa Martins, João Morales, Manuela Gonzaga, Manuel da Silva Ramos, Nuno Camarneiro, Ricardo Fonseca Mota, Rita Taborda Duarte, Rui Zink and Tiago Salazar – were invited to write a brief, unpublished narrative based on the museum’s collections, lending them renewed layers of reading. A book – A Museum for Everyone. The Look of Each One – and its visual narrative, suggested by the exhibition, inviting the visitors to launch their kaleidoscopic look at the museum and its collections, challenging them to read the web of interactions which are established between the objects and their contexts, and the fictional biographies added to them by the book’s authors.

A exposição

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