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In Memoriam | E-Catálogo | Pedra de armas de D. Manuel de Noronha

FRAGMENTO COM AS ARMAS DO BISPO D. MANUEL DE NORONHA

Lamego, 1551-1569

Mármore esculpido

Pertenceu ao chafariz (desaparecido) do antigo largo do Rossio. Lamego

Inv. ML 550

Pedra de armas de D. Manuel de Noronha, bispo de Lamego entre 1551 e 1569. Em mármore, encontra-se fixada a uma esfera que encimava um chafariz com duas taças e quatro bicas que o bispo mandou edificar em frente ao antigo paço episcopal (hoje, Museu de Lamego) no lugar do Rossio, para receção das águas do monte de Santo Estêvão, muito procuradas, à época, pelas suas qualidades profiláticas e curativas.

A esfera apresenta-se lisa, na metade superior, sugerindo a imagem de um guizo. Encontra-se fragmentada na parte inferior, mostrando uma perfuração central, provavelmente para saída de água.

O chafariz foi desmantelado já no século XX, para a passagem da EN2, tendo-se conservado uma esfera onde foram apensas as armas dos Câmaras de Lobos encimadas pela divisa do bispo “Esta é boa guia” e o chapéu prelatício, de onde pendem duas cordas com três ordens de borlas de cada lado, associados ao governo episcopal de D. Manuel.

Natural do Funchal, D. Manuel de Noronha era filho do 3.º capitão da ilha da Madeira, Simão Gonçalves da Câmara e de D. Joana de Castelo Branco, filha de Gonçalo de Castelo Branco, governador de Lisboa e senhor da Vila Nova de Portimão.

Ao longo dos quase vinte anos que esteve à frente dos destinos da diocese de Lamego, para além do comportamento “irrepreensível”, como é recordado pelos memorialistas, e das reformas que levou a efeito na administração eclesiástica, desempenhou um papel importante na renovação da cidade, empreendendo diversas iniciativas arquitetónicas, de construção de novos edifícios ou reconstrução de antigas estruturas, emprestando-lhes modernidade. Seria na catedral (e envolvente), espaço por excelência de representação e de afirmação do seu poder espiritual, que mais a sua ação se fez sentir. Concluídas as obras da fachada, anos antes pelo antecessor D. Fernando Meneses Coutinho, caberia a D. Manuel de Noronha dotá-la de nova reconfiguração, sacrificando a torre medieval do lado norte, para a conclusão das obras do claustro, onde faz construir as capelas de São João Batista (desaparecida), a capela de São Nicolau, onde se fez sepultar, e a capela de Santo António. Com o intuito de devolver maior monumentalidade ao edifício, eleva a torre medieval do lado sul, acrescentando-lhe um novo piso, com ventanas, para a colocação de sinos.

No contexto da reforma da catedral, introduz alguns melhoramentos no terreiro fronteiro ao paço episcopal, entre as quais a substituição de um velho poço e nora, pelo chafariz de mármore «à romana», no qual se encontravam apensas as armas na esfera em apreço.

Bibliografia

COSTA, Manuel Gonçalves da (1982) – História do Bispado e Cidade de Lamego. Vol. III – Renascimento I, Lamego, Câmara Municipal de Lamego, pp. 30-42.