Cours d’architecture, ou Traité de la décoration, distribution et construction des bâtiments : contenant les leçons données en 1750 et les années suivantes. Tomo 5
Jacques-François Blondel (1705-1774), continuado por Pierre Patte (1723-1814)
Paris, edição Desaint, 1777
Proveniente do antigo paço episcopal de Lamego
Biblioteca Municipal de Lamego, inv. 2218
Numa edição de seis volumes coeva à reforma do paço episcopal empreendida pelo bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira (1772-1786), a obra constitui um compêndio sobre a arte de decoração de interiores, com indicações sobre carpintaria, materiais e ornamentos, com ilustrações devidamente compiladas no sexto volume, infelizmente, desaparecido. A presença desta obra entre os títulos que compunham a livraria do paço, onde avultavam as obras de teologia e direito canónico, é reveladora da preocupação do antigo prelado na remodelação do palácio e a influência que teve na hora de o modernizar, de acordo com um gosto rococó de pendor clássico, que ecoa numa descrição de 1776, quando as obras decorriam a bom ritmo e alguns dos aposentos estavam já concluídos: “Todos os Sallões, Cazas e quartos, que estão finalizados, e feitos de novo sam forrados muntos delles de estuque com frizos dourados, e outros de madeira, e gessados, e grande parte dos mesmos tem nas paredes boas pinturas a fresco, e estaó ornados, e armandos com toda a decência = Todas as janelas tem vidraças á moderna, e as mesmas, e as portas exteriores com que se fechaó saó todas de boa madeira, e oliadas de verde, e as anteriores saó da mesma madeira fingindo com tintas á imitação de páu de angellim”. [IAN/TT: Mitra de Lamego. Livro 6. Livro Primeiro do Tombo de todos os Bens, Rendas, Foros, Dízimos e mais Direitos, e Regalias pertencentes à Excelllentissima Mitra deste Bispado de Lamego (…), 1776, citado por BASTOS, 1999: 20]
Jacques-François Blondel, o autor do tratado de arquitetura e decoração, foi um arquiteto e professor, natural de Ruão, fixado em Paris, cuja obra, ignorando em grande parte os excessos do rococó, era essencialmente prática e enciclopédica, sobrevivendo às mudanças de gostos e mantendo-se por várias décadas como central na formação em arquitetura francesa.
Bibliografia |
BASTOS, Celina (1999) – “Mobiliário do antigo Paço Episcopal de Lamego. Análise dos três inventários do século XIX”. BASTOS, Celina, PROENÇA, José António Proença. Museu de Lamego. Mobiliário. Lisboa: Instituto Português de Museus.