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E-Catálogo | Retrato de D. Pedro III

Retrato de D. Pedro de Bragança, futuro rei D. Pedro III

Pintor desconhecido, seguidor de Vieira Lusitano(?)

Óleo sobre tela

Proveniente do antigo paço episcopal de Lamego

Inv. ML 89

Fotografia | José Pessoa

Retrato de D. Pedro III (1717-1786), enquanto infante ou príncipe do Brasil, figurando ao nível do busto, de pé, de lado, com a Ordem de Cristo pendente de uma fita vermelha sobre o pescoço. O braço direito fletido, em pose galante, D. Pedro figura de rosto maduro emoldurado por cabeleira empoada curta. Veste este à moda da segunda metade do século XVIII, com camisa branca rendada e sobre ela uma casaca de veludo dourado, com botões circulares do mesmo, nos punhos. A envolver as costas, o ombro e braço esquerdos e peito, um manto azul com fímbria dourada com o motivo “de grega” e forrado de arminho, fixado, no ombro direito, por um alfinete com pedra vermelha. À direita, uma almofada verde com galão e borla dourados, sobre a qual pousa um elmo guarnecido de louro, símbolo de glorificação.

O retrato integra uma série de retratos de membros da família real portuguesa, que pertenceram à coleção dos bispos de Lamego. Trata-se de um conjunto significativo, que revela o bom acolhimento que tiveram junto de uma clientela informada os retratos da família real, de alguns titulares da nobreza e altos dignitários do clero, produzidos de acordo com um esquema representacional destinado à fixação de uma imagem de afirmação e poder, filiados em modelos de inspiração francesa. Correspondendo aos ideais neoclássicos, com referências à Antiguidade, de afinado valor simbólico associado a imagens de poder e autoridade – como são os motivos gregos e a folhagem de louro a circundar o elmo – a figuração do retratado é realista e de uma expressividade linear e vigorosa. Apesar da sua origem mal documentada, é de crer que este exemplar, assim como os demais retratos, tenha sido adquirido, ainda no último quartel do século XVIII quando se realizaram as campanhas de renovação do paço episcopal, ao tempo do bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira, fazendo dotar a residência dos bispos de uma linha mais atualizada que satisfizesse as ambições de aparato vigentes. É aí que os vamos encontrar, em 1821, mais precisamente, na sala de visitas, num ambiente de luxo e opulência, para o qual concorriam as peças de mobiliário de gosto francês – um jogo composto de um canapé e vinte e quatro cadeiras, tudo estofado de damasco vermelho, cómodas-papeleiras e os pares de mesas de jogo; os veludos escarlate dos pesados reposteiros pendendo de sanefas com frisos dourados e um impressionante número de pinturas de assuntos diversos, sessenta, ao todo, a ornar as paredes. Pese embora a incorporação do palácio e respetivo recheio no património do Estado, decorrente da lei da Separação da Igreja e do Estado, após a implantação da República, a coleção de retratos permaneceria no mesmo local, na antiga residência dos bispos, onde se encontra instalado o Museu desde 1917. Apeados da exposição permanente há vários anos, estiveram expostos numa sala forrada de damasco carmesim, coroada por um teto estucado, em estilo rocaille, com ornatos brancos sobre fundo rosa. Atualmente encerrada ao público, constitui uma remanescência do aparato decorativo de que se revestiam os aposentos do antigo paço.