Retrato de D. Maria Francisca Josefa, futura rainha D. Maria I
Autor desconhecido, seguidor de Vieira Lusitano
c. 1760-1770
Óleo sobre tela
Proveniente do antigo paço episcopal de Lamego
Inv. ML 90
Fotografia | José Pessoa
O retrato da infanta – depois rainha D. Maria I de Portugal (1736-1813), por sucessão ao trono, em 1777, e do Brasil, entre 1815-16 – segue de muito perto os modelos de dois retratos das filhas de D. José I, atribuídos ao pintor da corte, Vieira Lusitano (1699-1783), que se conservam no Palácio Nacional de Queluz: o retrato de D. Maria I enquanto princesa do Brasil (inv. PNQ962) e o de sua irmã, a infanta D. Maria Ana Josefa de Bragança (inv. PNQ961).
Comparativamente com o retrato de D. Maria I, a versão de Lamego revela-nos uma figura mais madura, sublinhada pelo desenho pronunciado do rosto, que tomou uma feição alargada, e dos olhos, em forma de amêndoa, mas de expressão aberta. Sobre um fundo liso, D. Maria é representada de frente, ao nível da cintura. Usa um vestido verde decorado com estrelas douradas, de cintura vincada e decote pronunciado debruado com esmeraldas e folho de renda. Na zona do peito, usa um peitilho castanho enfeitado com fiadas de pérolas redondas e em forma de pingo. Sobre o vestido, usa um manto vermelho de fímbria dourada. Os cabelos, longos, prendem com uma fita de veludo verde e uma fiada de pérolas entrelaçada, que acompanha todo o comprimento, pendendo de dois trémulos firmados no topo da cabeça.
O original do retrato de D. Maria poderá ter sido executado por altura do casamento, em 1760, da então infanta, com o tio D. Pedro de Bragança, que subiu ao trono como D. Pedro III. Com efeito, conserva-se na coleção de retratos reais, que pertenceu ao antigo paço episcopal de Lamego, o retrato de D. Pedro que, como veremos, na próxima entrada do e-catálogo, é inspirado num modelo igualmente atribuído ao pintor da corte.
A rainha, que em Portugal foi cognominada a Pia, no Brasil foi, injustamente, memorada de Louca, devido a um quadro de instabilidade mental e de profunda depressão, que se agravou nos oito anos que aí viveu, com os lutos pelo marido e pelo filho, o príncipe D. José, e com a execução de Luís XVI, na guilhotina após o avanço da Revolução Francesa.
Bibliografia:
– “D. Maria I enquanto princesa do Brasil”
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=998547
– “Infanta D. Maria Ana Francisca Josefa”