Museu de Lamego 2020 | Espaço(s) de mediação
Foi bom estar consigo no ano que passou. Um ano de contornos inimagináveis, no qual a relação cúmplice que mantivemos marcou a diferença e nos permitiu ultrapassar barreiras.
Não será facilmente esquecido um ano dominado por redes sociais, webinars e streamings que, em boa hora, invadiram o nosso quotidiano, permitindo que nunca deixássemos de estar perto.
«A partir de hoje entramos em sua casa», «Pergunte, nós respondemos», «Linha do Tempo», com objetivos de divulgação e educação, ou os programas destinados a celebrar a passagem de mais um aniversário do museu, a 5 de abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios e o Dia Internacional dos Museus são exemplo de alguns dos conteúdos que disponibilizamos nas plataformas digitais, como meio de reforço da capacidade comunicacional do museu, em tempos de pandemia. Determinante, a esse respeito, a apresentação de nova imagem gráfica do Museu de Lamego e dos Monumentos do Vale do Varosa, quer através de novos logótipos, concebidos por uma jovem criativa, de 24 anos, quer dos novos websites, estes, numa iniciativa da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), que abrangeu o conjunto de todos os museus e monumentos sob a mesma tutela.
Se é certo que foram muitos os desafios, motivados pela incerteza e impossibilidade de levar cabalmente a efeito o plano de atividades que havíamos delineado para 2020, também é verdade termos lançado mão a uma programação muito variada, de que fizeram parte propostas inovadoras, abrindo espaço a uma maior diversidade de públicos, de interesses e motivações.
2020 foi o ano de consolidação da parceira com o ZigurFest, por meio da realização da exposição comemorativa dos 10 anos da realização do festival em Lamego, com a curadoria de Joana Figueiroa, mas também dos concertos, das instalações, sonoras e em vídeo, e dos workshops, com o arrojo a que o ZigurFest sempre nos habitou, que entendemos como formas de criação de novas narrativas para o espaço museu e suas coleções. 2020 foi também o ano em que desvelamos alguns «Segredos do paço», conduzidos pelas visitas encenadas que, pela primeira vez, ensaiámos no museu; e também dos inovadores «Percursos pelo Património» de Lamego e do Vale do Varosa, inspirados pelo escritor Tiago Salazar, que nos fez saber a verdadeira história do Magriço, um dos 12 de Inglaterra. Acompanhado por uma barata muito faladora, Tiago Salazar regressaria a Lamego, para uma conversa sobre escrita criativa e uma dramatização do conto A Fala-Barata, apresentada pela Maia Ornelas, para delícia dos mais pequenos (e não só).
Realizámos conferências, duas proferidas pelo professor Vítor Serrão, a pretexto da exposição do «Calendário da Sé de Miranda» e da coleção de pintura de André Reinoso, visitas orientadas/dialogadas e concertos, para além de um plano editorial regular, com diversas propostas em formato digital e impresso.
Com o objetivo de alastrar o trabalho de mediação com os públicos aos Monumentos do Vale do Varosa, de forma continuada e articulada, iniciámos o projeto «Sangue Novo. Veias Antigas», com o embaixador do Museu de Lamego para o Vale do Varosa, João Pereira.
Também as coleções do museu ficaram mais ricas, com a incorporação de um magnífico alto-relevo da primeira metade do século XVI, figurando São Lucas, doado por Manuel e Zulmira Antunes, bem como com a obtenção de importantes apoios mecenáticos, que vieram dar um novo impulso à missão de melhor conhecer e preservar o nosso património, através do projeto de fundraising Conhecer, Conservar, Valorizar, vocacionado, em 2020, para a intervenção do conjunto de pinturas que decoram a capela de São João Batista. Imbuídos com o mesmo propósito, estudámos a coleção de Desenho, na origem da seleção de 12 exemplares, que preencheram a rubrica online «Um Ano. Um Tema».
A fechar o ano, as duas distinções da APOM (Associação Portuguesa de Museologia), premiando o Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa, que organizámos com as Galerias MIRAFORUM, na categoria «Inovação e Criatividade», e as comemorações dos 500 Anos da Misericórdia de Lamego, na de «Parceria», seriam o reconhecimento, a nível nacional, do trabalho que temos desenvolvido ao longo dos anos e, sobretudo, estímulo para 2021. Ano do arranque de «Museu de Lamego. Museu para Todos», a Operação NORTE2020 destinada a requalificar e melhorar as acessibilidades físicas e comunicacionais do museu, que foi apresentado publicamente, em setembro passado, no contexto da mesa-redonda «Paços perdidos», que contou com a participação do Diretor Regional de Cultura do Norte, António Ponte, do historiador Nuno Resende e da arquiteta Armanda Abreu, e foi dedicada à reflexão, sempre oportuna, sobre o passado, presente e futuro do Museu de Lamego.
Foi bom (muito bom) estar consigo.
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