Virgem do Ó
As imagens da Virgem do Ó, também conhecidas como Nossas Senhoras da Expectação, da Esperança ou Pejadas, são um bom exemplo da humanização da maneira de representar e de pensar a figura divina, que marcou a arte gótica. A atitude amaneirada, movimentada em ritmo de contracurva, as vestes pregueadas e dinamizadas pela atitude do corpo e pelo ventre rotundo, sobre a qual a Virgem pousa a mão direita, conferem a esta imagem uma expressiva plasticidade e um elevado sentido de humanidade.
O tema da Virgem grávida de Jesus após a Anunciação gozou de grande devoção em Portugal e em Espanha, sobretudo em tempos do gótico, ainda que o culto se tenha iniciado muito antes, no século VII, durante o X Concílio de Toledo, quando foi decretada a celebração da expectação da Virgem, a decorrer nos oito dias que precediam o nascimento do Menino. Durante as festividades eram entoadas antífonas em louvor da Virgem, que começavam com o exclamativo «Ó», nome pelo qual passaram a designar-se as celebrações e, por extensão, as imagens evocadas durante as mesmas.
Datada entre 1330 e 1340, está atribuída a Mestre Pero, escultor da Corte, de provável origem catalã, autor do túmulo do bispo bracarense D. Gonçalo Pereira (1334) e do da princesa bizantina residente em Portugal, D. Vataça de Lascaris de Ventimiglia (1337) e, possivelmente, também o da rainha santa Isabel de Aragão, depositada em Santa Clara-a-Velha, Coimbra.
Portugal
1330-1340
Calcário
Proveniente da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca
Inv. ML 129