Salvas de pé alto
Testemunhos de uma atmosfera de conforto e aparato, embora estruturalmente alteradas por uma adaptação posterior, os dois exemplares inscrevem-se numa tipologia de salvas decorativas de pé alto com a marca estética e ornamental do manuelino. A nota mais expressiva e original destas peças reside na solução decorativa da superfície circular do prato, com um recurso a um esquema de faixas concêntricas de alvéolos hemisféricos e fiadas de pontas de diamante. Estas formas resultam de uma reciprocidade de relações entre a ourivesaria e arquitetura. Entre os mais conhecidos exemplos de apropriação do motivo das «pontas de diamante» pela arquitetura portuguesa, refira-se a celebrada Casa dos Bicos, em Lisboa.
Habitualmente exibidas em aparadores, nas salas destinadas a momentos de convívio, as salvas funcionavam como uma verdadeira metáfora da posição e hierarquia do seu proprietário.
Ourives não identificado
Século XV (medalhão, orla do prato e pé, do século XVIII)
Prata dourada, fundida, cinzelada, relevada e gravada
Provenientes do antigo paço episcopal de Lamego
Inv. ML 144 e 145