Mesa de pé de galo
O ritual do chá processava-se em torno deste móvel ligeiro e o seu tampo articulado permitia a remoção para um canto do aposento quando não estava a ser usado. Presença habitual nos interiores portugueses, rapidamente invadiu espaços tão diferenciados como a sala de visitas ou aposentos privados, podendo inclusive ser encontrada nas celas do clero regular. Terão certamente existido em número considerável nos conventos femininos, a julgar pelo que acontecia em Arouca, onde se exigia à noviça que trouxesse, no seu enxoval, “um Apparelho de chá de louça da Índia, que tenha duas dúzias, com seis colherinhas de prata”.
Estas mesas pé de galo filiavam-se nas suas congéneres inglesas, as quais, executadas em Inglaterra desde 1730 até ao terceiro quartel do século XVIII, conheceram inúmeras variantes ao nível do tampo, quase sempre articulado através de um mecanismo de gaiola. De forma circular ou quadrada, estes poderiam apresentar a marcação de vários pratos, uma galeria de proteção ou um rebordo tipo salva de prata. Entre nós, o tipo mais popular parece ter sido o do tampo circular, a julgar pelo elevado número de exemplares que tem surgido no mercado, fabricados em pau-santo ou em nogueira (por vezes escurecida de modo a imitar aquela madeira exótica), como acontece com este exemplar.
Portugal
1750-1800
Madeira de nogueira
Doação de Fausto Guedes Teixeira
Inv. ML 491