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Gravura Calvário

Calvário

Não sendo conhecidos os motivos pelos quais esta estampa foi removida de um exemplar da edição de 1793 do “Missale Romanum”, impresso na Tipografia Régia, pertencente ao Museu de Lamego, sabe-se que era (como ainda é) muito comum, sobretudo entre os alfarrabistas, retalhar os livros religiosos, como forma de valorizar as estampas isoladamente.

Criada no contexto do Iluminismo, por alvará régio de 1768, a Regia Officina Typographica tinha como objetivo suprir o reino e as suas colónias de livros de interesse geral. Através do mesmo alvará foi instituída uma Aula de Gravura com um abridor de estampas, conhecidamente perito, o qual teria obrigação de abrir todas as que forem necessárias para a impressão. Para professor da referida Aula foi nomeado Joaquim Carneiro da Silva, um gravador famoso no seu tempo, nascido no Porto e possuidor de uma vasta formação adquirida no Brasil e em Itália, onde fez a sua aprendizagem como pensionista do Estado e, provavelmente, também em França.

Durante o reinado de D. Maria I (1777-1816), que a Tipografia Régia privilegiou a edição de volumes luxuosos, essencialmente de temas religiosos, entre os quais diversos missais que, embora contendo mudanças textuais, eram ornamentados com gravuras executadas na Aula dirigida por Joaquim Carneiro, abertas pelo próprio ou por algum dos seus discípulos.

O facto de a estampa não possuir nenhuma referência ao autor do desenho pode indiciar que, para além de gravador, Carneiro da Silva tenha sido também o desenhador. Conhecem-se pelo menos sete edições do “Missale Romanum” saídos dos prelos da Tipografia Régia, que eram posteriormente vendidos na loja que esta possuía na praça do Comércio. Todas as edições possuem oito ilustrações, das quais o Museu de Lamego conserva, para além do “Calvário”, as estampas que representam a “Ressurreição”, do mesmo autor, e a “Adoração dos Pastores”, aberta por Gaspar Fróis de Machado, igualmente, extraídas do referido missal.

 

Joaquim Carneiro da Silva (1727-1818)

Lisboa, 1793

Proveniência: “Missal Romanum” pertencente ao antigo Paço Episcopal de Lamego

Inv. ML 921