Capela de São João Evangelista
A capela de São João Evangelista era a maior e mais valiosa de todas as que existiam no claustro do Mosteiro das Chagas, em Lamego. Em 1928, após a extinção do convento e antes da decisão da demolição do edifício, três capelas (de um conjunto de nove) e respetivas esculturas que se encontravam no claustro, foram cedidas ao museu. Apesar de não se encontrar datada, sabe-se que terá sido renovada nos inícios do século XVIII.
Nesta capela, que é simultaneamente santuário de relíquias, é interessante observarmos uma das noções mais caras à estética do barroco, relacionada com a ideia de «obra de arte total». Nela se reúnem não só as artes ditas «maiores» (arquitetura, escultura e pintura), como também é criado um efeito de ilusão e confusão nessa mesma associação. O mesmo será dizer, que não é imediatamente percetível determinar com precisão onde acaba a arquitetura e começa a escultura; ou onde acaba a escultura e começa a pintura.
No altar principal, a ladear a imagem do padroeiro, vemos painéis decorados com baixos-relevos a ilustrar episódios da vida de São João Evangelista. Nos muros laterais, albergadas em nichos, esculturas representado diversos santos com indumentárias profusamente decoradas e de rica policromia, constituem um valioso testemunho da produção de escultura religiosa em Portugal durante o século XVIII.
O discurso de «horror ao vazio» desta estrutura, completa-se na decoração da talha dourada, na qual predominam fénices, acantos e flores, que acentuam o caráter eminentemente simbólico de todo o espaço.
Lamego. Portugal
Século XVIII
Madeira entalhada, dourada e policromada
Proveniente do Mosteiro das Chagas de Lamego
Inv. ML 123